quarta-feira, 29 de junho de 2016

Resenha crítica do livro: Bowie - A Biografia, escrito por Wendy Leigh



  • O livro que deveria apresentar a biografia mais atualizada do lendário músico britânico David Bowie - conhecido como "O Camaleão do Rock" - talvez devesse se chamar "Aventuras sexuais de David Bowie". Isso se deve ao fato de Wendy Leigh ter escrito um livro que aprofunda-se forçadamente em relação ao casos de David Bowie, preenchendo boa parte do livro reafirmando questões sexuais - apesar de Bowie ter quebrado barreiras sexuais na cultura pop, esse detalhe não é apenas um detalhes no livro -, assim tristemente apresentando de maneira muito superficial a musicalidade do cantor. 



 David Bowie  (nome artístico de David Jones) nasceu na Inglaterra, em 1947. Uma criança de classe média que nascera num pós-guerra onde a marginalidade era comum nos bairros britânicos, David sempre sonhou em ser artista. Um erudito que gostava de cantar, tocar instrumentos, compor, esculpir, pintar, escrever e atuar, ainda rapaz ele começou a tocar saxofone em pubs londrinos, e a compor canções inspiradas em artistas e obras que se fixavam em sua mente. Ao perceber que saxofone não seria seu futuro, o jovem David investe em carreira solo, tocando violão e cantando, acompanhado de uma banda.  Em 1969, Bowie lançou a música Space Oddity, do álbum homônimo, inspirada em 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick. Essa foi a música que deu início ao sucesso do artista, que dentro de alguns anos seria considerado uma lenda viva do rock. David Bowie colecionou sucessos atrás de sucessos, prêmios atrás de prêmios, e se tornou o queridinho dos críticos até sua morte. David também atuou em diversos filmes famosos - que ficam então, ao critério do leitor procurar. O homem de incontáveis facetas faleceu em janeiro de 2016, e deixou um legado imenso de obras. David Bowie é essencial e imortal.
 
Há de se reclamar do fato de da jornalista e escritora Wendy Leigh ter apresentado a discografia do cantor de maneira muito corrida, fazendo provavelmente com que o leitor que não tenha muito conhecimento externo sobre a carreira fique sentindo-se perdido. Os álbuns não são devidamente explorados: erro fatal ao se escrever a biografia de qualquer músico de sucesso.

Os períodos são bastante irregulares e confusos: Wendy faz saltos temporais e mistura durante todo o
escrito, informações sobre a vida do biografado. Não tendo-se assim, uma cronologia dentro do próprio livro.

Nem tudo é um desastre completo nesta biografia. A personalidade misteriosa, intrigante e polêmica de David Bowie é traçada de maneira quase que envolvente. Desse modo, as passagens sobre a persona do artista prendem o leitor até a próxima descrição sexual exagerada e cansativa. Também é notável que o trabalho de pesquisa foi bastante amplo - o que era de se esperar de uma autora de diversas biografias "bem-sucedidas"-, frio e bem embasado.

Uma biografia lançada surpreendentemente após apenas menos de três meses passados a morte do biografado David Jones,  serve como questionamento em relação ao sensacionalismo por detrás desta e seu repentino lançamento, e também serve como um passa-tempo despretensioso apesar de estar muito longe de ser um grande livro do gênero.




  • A edição brasileira, da editora BestSeller também merece destaque:O traducional encadernamento em brochura tem uma capa bonita, com reflexo de luz e faz alusão às capas de Aladdin Sane (1973) e Pin Ups (1973). Quem compra livros pela capa, de certeza compraria esta edição de tradução regular - quem não lê Inglês vai perder algumas referências de músicas que aqui foram mal traduzidas, sendo que alguns trechos nem ao menos são. Quem quiser ler uma boa biografia de David Bowie deverá importar algum dos muitos livros lá fora lançados, ou comprar a edição de Marc Spitz da história, publicado no Brasil pela Benvira.